A primeira vez que entendi do mundo (2011 - 2019)







A série de fotografias aborda a infância. Em 2011 foi clicada a primeira imagem. Já em 2015 elas foram expostas no festival FOTO 15 como exposição convidada do Prêmio Funalfa de Fotografia (Juiz de Fora - MG). “A primeira vez que entendi do mundo” é o título de um dos poemas de Affonso Romano de Sant’Anna, no qual o poeta conversa sobre a sua vivência a partir de uma descoberta da infância.





Ainda em 2015, levamos a exposição para o Centro Socioeducativo - instituição de acautelamento para jovens que praticaram atos infracionais. Ela foi montada na sala onde acontecem as visitas das famílias. Deveria ser temporária, mas nada pareceu mais justo do que deixá-la lá permanentemente, afinal, o centro não é um espaço de punição e não deve ter a cara de prisão. 

Em julho de 2020, recebi a notícia que mandaram tirar as fotos e algumas sumiram. Inclusive, a mais simbólica: uma imagem da pipa atravessando o muro com arame farpado.






O fato que poderia ter ido para o lixo não me abala. Fico triste por uma questão política: o esforço para desumanizar o espaço. O ensaio conversa sobre infância e, de fato, o direito a infância não é assegurado a todos em nossa sociedade. Na terra plana, o (des)governo e as instituições odeiam arte, porque sabem bem qual a sua potência emancipatória.









   


Não é de hoje que esse ensaio causa incômodo. Na primeira montagem da exposição, os visitantes eram convidadas a desenhar nas paredes do Centro Cultural. Algumas pessoas me perguntavam se eu não tinha medo de riscarem as fotos ou do que poderiam escrever. Mas o grande desgaste sempre foi o QUEM escrevia. Felizmente, há mais gente alegre em desenhar nas paredes do que preocupada em temer.


















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