Fotos de viagem (2017-2019)

 


“À medida que cada vez mais o grandioso, o monumental pode ser associado à arte dos vencedores, de impérios autoritários, da arte nazista, do Realismo Socialista aos épicos hollywoodianos, é justamente no cotidiano, no detalhe, no incid

ente, no menor que residirá o espaço da resistência, da diferença”

Denilson Lopes

 

 

O fotolivro traz o incômodo da autora. Mulher negra latino-americana que se viu em outro território, rodeada por memórias de um passado colonial como o suntuoso “Marco dos Descobrimentos” em Portugal e por incontáveis situações de xenofobia e hipersexualização de seu corpo. Situação na qual, artisticamente, não caberia as tradicionais fotos de viagem. O não-lugar do corpo negro se parecia mais com a vitrine de um açougue do que com os luxos de castelos e jardins. Por muitas vezes, o reflexo da fotógrafa aparece nos vidros e se mistura às carnes registradas pelas suas lentes em um jogo com as posturas das selfies típica de turistas.


As imagens foram realizadas em viagens entre o ano de 2017 e 2018. Elas não registram o monumental ou um inventário de paisagens. Pelo contrário, trabalham conceitos e afetividade de outra forma para além da simples contemplação. O ensaio mostra ao espectador as vitrines de açougues pela Europa. Por um lado, as carnes iluminadas se tornam elementos plásticos. Por outro, podem gerar o asco.





 

 


 

 

 

 

 

 

 

                 

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